Los sueños de la razón: la crisis de sentido y el suicidio egoísta

Abstract

Este artículo se propone indagar las consecuencias teóricas y analíticas que posee el estudio del suicidio egoísta en la perspectiva de Durkheim. Para ello, en primer lugar, se reconstruye en su obra El Suicidio la distinción entre egoísmo y anomia, destacando tanto la importancia del egoísmo, muchas veces relegado por la literatura secundaria, como la relación de éste con las crisis de sentido. Con ese objetivo, se señala la diferencia entre las esferas sociales activas y pasivas como elemento central para comprender ese par conceptual. En segundo lugar, se rastrea en las postulaciones del autor la génesis social de la pregunta por el sentido, lo cual conlleva a un estudio del desarrollo histórico de las religiones y de las manifestaciones individuales del egoísmo (melancolía, languidez, solipsismo). En tercer lugar, se observa cómo el despliegue histórico de la razón señala la emergencia del idealismo simbólico, el cual supone una falta de integración social enmarcado en una serie de procesos: la desarticulación entre pensamiento y acción y entre creencias sofisticadas y prácticas; la pérdida de un objeto durable (representacional y "mundano") y de una representación totalizante; y la carencia de objetivos comunes de la sociedad. En última instancia, se analiza cómo la sociología, en tanto ciencia de lo social, puede intervenir en las patologías vinculadas a los "sueños de la razón" de las corrientes egoístas (pasivos y solipsistas; activos y destructores). Así, se vislumbran las diferentes búsquedas del autor por encontrar en la modernidad nuevos modos de articular representaciones de la totalidad de la sociedad con prácticas diarias, los cuales puedan dar sentido a los individuos racionalizados. Allí, el lugar del Estado, los rituales colectivos y los ideales de la humanidad y el patriotismo pueden ser releídos desde los interrogantes y propuestas teóricas que están en juego en el análisis suicidio egoísta.

This article seeks to investigate the theoretical and analytical consequences that the study of egoistic suicide has on Emile Durkheim's perspective. In order to do that, it begins with a reconstruction of the distinction between egoism and anomie, highlighting the importance of egoism, often downplayed by secondary literature, and its relation to the crisis of meaning. With this objective in mind, the difference between passive and active social spheres is pointed as a key element to understand that conceptual pair. In addition, the social genesis of the quest for meaning is traced in the author's postulates, leading to the study of the historical development of religions and of the individual manifestations of egoism (melancholy, languor, solipsism). In third place, it studies how the historical development of reason points to the emergence of a symbolic idealism linked to lack of integration resulted from a series of processes: the disarticulation between thought and action and between sophisticated beliefs and practices; the loss of a durable object (representational and 'mundane') and of a totalizing representation; and the absence of common social objectives. Lastly, the article examines how sociology, as science of the social, can intervene on pathologies related to the 'dreams of reason' characteristic of egoistic currents (passive and solipsist; active and destructive). Thus, it outlines the different attempts made by the author to find, in modernity, new ways to articulate representations of the totality of society with daily practices, capable of providing meaning to rationalized individuals. In this way, the role of the state, of collective rituals, ideals of humanity and patriotism can be reread in light of the questions and theoretical proposals that are at play in the analysis of egoistic suicide.

Este artigo se propõe a pesquisar as consequências teóricas e analíticas que possui o estudo do suicídio egoísta na perspectiva de Durkheim. Para isso, em primeiro lugar, se reconstrói em sua obra O suicídio a distinção entre egoísmo e anomia, destacando-se a importância do egoísmo, muitas vezes relegado pela literatura secundária, e sua relação com a crise de sentido. Com esse objetivo, se assinala como central a diferença entre as esferas sociais ativas e passivas para a compreensão desses dois conceitos. Em segundo lugar, se rastreia nas postulações do autor a gênese social da questão sobre o sentido, o que leva a um estudo sobre o desenvolvimento histórico das religiões e manifestações individuais de egoísmo (melancolia, apatia, solipsismo). Em terceiro lugar, se mostra como o desenvolvimento histórico da razão assinala o surgimento do idealismo simbólico, o que implica uma falta de integração social enquadrada em uma série de processos: desarticulação entre pensamento e ação e entre crenças e práticas sofisticadas; a perda de um objeto durável (representacional e "mundano") e de uma representação totalizante; e a ausência de objetivos comuns da sociedade. Em última instância, se analisa como a sociologia, enquanto ciência do social, pode intervir em patologias relacionadas com os "sonhos da razão" de correntes egoístas (passivos e solipsistas, ativos e destrutivos). Assim, se vislumbram as diferentes buscas do autor para encontrar na modernidade novas maneiras de articular representações de toda a sociedade com práticas cotidianas, que podem fazer sentido a indivíduos racionais. Ali, o lugar do Estado, os rituais coletivos e os ideais de humanidade e patriotismo podem ser relidos a partir das questões e propostas teóricas que estão em jogo na análise durkheimiana do suicídio egoísta.