Preservar, recuperar, ocupar: controversias memoriales en torno a la ex-ESMA (1998- 2013)

Abstract

Este artículo reconstruye tres polémicas claves en torno a la recuperación y posterior ocupación del predio donde funcionó el centro clandestino de detención de la Escuela de Mecánica de la Armada (esma), en la ciudad de Buenos Aires. Se analizan las posiciones de los diferentes actores, las diversas nociones de memoria en disputa, las articulaciones con el Estado y la elaboración de políticas públicas de memoria. El artículo examina las siguientes controversias: primera, los debates acerca del proyecto de demolición de la esma en 1998, durante el Gobierno de Carlos Menem; segunda, los debates del 2004 rela cionados con la concepción de un Museo de la Memoria, durante el Gobierno de Néstor Kirchner; y tercera, las polémicas surgidas en el 2013, a partir de un brindis de fin de año organizado por el Ministerio de Justicia en la ex-ESMA, durante el Gobierno de Cristina Fernández de Kirchner. Al recorrer estas tres coyunturas es posible observar las transfor maciones a lo largo de 15 años, en las maneras de entender el sitio y sus funciones, en las expectativas sociales acerca de la ex-ESMA, en los diversos modos de concebir la memoria, y también en los múltiples actores a cargo de impulsar y concretar políticas de memoria. Este análisis del sitio de la ex-ESMA y las polémicas mencionadas permiten señalar, de manera más general, la historización de las nociones de memoria asociadas a las disputas sobre estos espacios, así como algunas tensiones y contradicciones con las que se han enfrentado las políticas de memoria orientadas a los excentros clandestinos de detención argentinos. Esas tensiones contribuyen a la vitalidad de emprendimientos memoriales y revelan maneras en las que la memoria se pone en acción, genera transformaciones en el territorio y sirve como marco de sentido para acciones diversas.

This article reconstructs three keys controversies around the recovery and later oc cupation of the site where the clandestine detention center of the Mechanics School of the Navy (esma) functioned in the city of Buenos Aires. The article analyzes the positions of the different actors, the different notions of memory in dispute, the links with the State and the development of public policy. The following controversies are examined: first, the debates on the esma demolition project in 1998, during the government of Carlos Menem; second, the debates of 2004 related to the design of a Museum of Memory, during the gov ernment of Nestor Kirchner; and third, the polemics in 2013 arising from a year-end toast organized by the Ministry of Justice in the ex-ESMA, during the government of Cristina Fernandez de Kirchner. These three situations evidence the transformation over 15 years in the ways of understanding the site and its functions, in the social expectations about the ex- esma, in the various ways of conceiving memory, and in the multiple actors in charge of promoting and implementing memory policies. This site analysis of the ex- esma and the controversies mentioned indicate the historicizing of the memory associated with the disputes over these sites as well as some tensions and contradictions facing the politics of memory regarding the ex-centers of Argentinian clandestine detention. These tensions contribute to the vitality of memorial enterprises and reveal ways in which memory is put into action, creates changes in the territory and serves as a framework of meaning for diverse actions.

Este artigo reconstrói três polêmicas em torno da recuperação e posterior ocupação do prédio onde funcionou o centro clandestino de detenção da Escola de Mecânica da Armada (esma) na cidade de Buenos Aires. Analisam-se as posições dos diferentes atores, as diversas noções de memória em questão, as articulações com o Estado e a elaboração de políticas públicas de memória. Este texto examina as seguintes controvérsias: primeira, os debates sobre o projeto de demolição da esma em 1998, durante o governo de Carlos Menem; segunda, os debates de 2004 relacionados com a concepção de um Museu da Memória, durante o governo de Néstor Kirchner; terceira, as polêmicas surgidas em 2013, após um brinde de fim de ano organizado pelo Ministério da Justiça na ex-esma, duran te o governo de Cristina Fernández de Kirchner. Ao percorrer essas três conjunturas, é possível observar as transformações ao longo de quinze anos, nas maneiras de entender o lugar e suas funções, nas expectativas sociais acerca da ex-esma, nos diversos modos de conceber a memória e também nos múltiplos atores responsáveis por promover e concre tar políticas de memória. Esta análise do lugar da ex-esma e as polêmicas mencionadas permitem indicar, de maneira geral, a historização das noções de memória associadas às disputas sobre esses espaços, bem como algumas tensões e contradições com as quais as políticas de memória orientadas aos ex-centros clandestinos de detenção argentinos vêm enfrentando. Essas tensões contribuem para a vitalidade de empreendimentos memoriais e revelam maneiras nas quais a memória entra em ação, gera transformações no território e serve como referencial de sentido para ações diversas.