Procesos de territorialización mbya-guaraní en el sudoeste misionero desde la década de 1970: una lectura desde el acercamiento y el lugar-evento

Abstract

Este trabajo se propone analizar parte de los procesos de territorialización contemporáneos mbya-guaraní en el sudoeste de la provincia de Misiones (Argentina), como consecuencia de transformaciones políticas y territoriales ocurridas desde mediados del siglo XX. Repara en los efectos de la provincialización de Misiones (1953), los cambios en la estructura productiva provincial a partir la década de 1970 y las definiciones normativas tras elretorno democrático en 1983, momentos clave en la configuración del vínculo entre el Estado, la Iglesia católica y la población indígena. El análisis se centra en las relaciones, motivaciones y negociaciones que llevaron a algunas familias mbya a conformar las comunidades de Andresito y Katupyry, ubicadas en zonas rurales del municipio de San Ignacio, desde finales de la década de 1970. La investigación recupera una perspectiva etnográfica que privilegia la mirada histórica, que es entendida como un enfoque que permiteabordar la complejidad de procesos sociales configurados por la interacción entre múltiples actores, saberes, memorias e intereses, fundamentados en dinámicas históricas. La construcción etnográfica articula conversaciones, historia oral, recorridos territoriales y el análisis de trayectorias intergeneracionales. Esta aproximación posibilita comprender cómo se han configurado las comunidades actuales a partir de procesos de desterritorialización y reterritorialización. En este marco se retoman aportes de la geografía crítica, especialmente la noción de lugar-evento, que permite reconocer la conformación de lugares como resultado de relaciones desiguales y negociaciones entre actores con trayectorias heterogéneas. Asimismo, se introduce la noción de acercamiento, emergente del trabajo etnográfico, para estudiar las dinámicas territoriales mbya de aproximación y alejamiento respecto de localidades urbanas, de la escuela y de la influencia católica observada de modo recurrente en la zona estudiada. El artículo busca contribuir a la comprensión de los modos en que el pueblo mbya se sostiene en contextos atravesados por disputas históricas, transformaciones estructurales y precarización territorial.

This article analyzes aspects of the contemporary territorialization processes of the Mbya-Guaraní people in the southwestern region of Misiones Province (Argentina), resulting from political and territorial transformations since the mid-20th century. It examines the impact of Misiones’ provincialization in 1953, changes in the provincial productive structure from the 1970s onward, and regulatory developments following the return to democracy in 1983—key moments in shaping the relationship between the state, the Catholic Church, and the Indigenous population. The analysis focuses on the relationships, motivations, and negotiations that led some Mbya families to form the communities of Andresito and Katupyry, located in rural areas of the municipality of San Ignacio, beginning in the late 1970s. The research adopts an ethnographic perspective that foregrounds a historical lens, understood as an approach that enables a nuanced understanding of complex social processes shaped by the interaction of multiple actors, forms of knowledge, memories, and interests grounded in historical dynamics. The ethnographic construction brings together conversations, oral histories, territorial journeys, and the analysis of intergenerational trajectories. This approach allows for an understanding of how current communities have been shaped through processes of deterritorialization and reterritorialization. Within this framework, the article draws on insights from critical geography, particularly the notion of the place-event, which recognizes the formation of places as the outcome of unequal relationships and negotiations among actors with diverse trajectories. Additionally, the concept of encounter, which emerged from the ethnographic work, is introduced to explore Mbya territorial dynamics of proximity and distance in relation to urban centers, schools, and the recurring influence of Catholicism in the studied area. The article aims to contribute to a deeper understanding of how the Mbya people sustain their presence in contexts marked by historical disputes, structural transformations, and territorial precarity.

Este trabalho tem como objetivo analisar parte dos processos contemporâneos de territorialização Mbya-Guarani no sudoeste da província de Misiones (Argentina), como consequência das transformações políticas e territoriais ocorridas desde meados do século 20. O estudo observa os efeitos da provincialização de Misiones (1953), as mudanças na estrutura produtiva provincial a partir da década de 1970 e as definições normativas após o retorno à democracia em 1983 — momentos-chave na configuração do vínculo entre o Estado, a Igreja Católica e a população indígena. A análise se concentra nas relações, motivações e negociações que levaram algumas famílias Mbya a constituir as comunidades de Andresito e Katupyry, localizadas em áreas rurais do município de San Ignacio, desde o final da década de 1970. A pesquisa recupera uma perspectiva etnográfica que privilegia o olhar histórico, que é entendido como uma abordagem que permite tratar a complexidade dos processos sociais configurados pela interação entre urbanas, à escola e à influência católica, observadas recorrentemente na área estudada. O artigo busca contribuir para a compreensão dos modos pelos quais o povo Mbya se sustenta em contextos atravessados por disputas históricas, transformações estruturais e precarização territorial. múltiplos atores, saberes, memórias e interesses, fundamentados em dinâmicas históricas. A construção etnográfica articula conversas, história oral, percursos territoriais e a análise de trajetórias intergeracionais. Essa abordagem permite compreender como as comunidades atuais foram se configurando a partir de processos de desterritorialização e reterritorialização. Nesse contexto, são retomadas as contribuições da geografia crítica, especialmente a noção de lugar-evento, que permite reconhecer a constituição dos lugares como resultado de relações desiguais e negociações entre atores com trajetórias heterogêneas. Da mesma forma, a noção de aproximação, emergente do trabalho etnográfico, é introduzida para estudar as dinâmicas territoriais Mbya de aproximação e distanciamento em relação às localidades