La ética utilitarista bajo la lupa femenina: Graciela Hierro Perezcastro

Abstract

En 1982, Graciela Hierro Perezcastro defendía en la Universidad Nacional Autónoma de México su tesis doctoral titulada El utilitarismo y la condición femenina. Unos años después, en 1985, fue publicada como Ética y feminismo. Allí se sientan las bases de una ética feminista del interés, como resultado de una toma de conciencia de la condición de opresión en que se encuentran las mujeres. El propósito último de su investigación es promover una «revolución cultural de la vida cotidiana» mediante la universalización de valores femeninos como suavidad, ternura, sentido comunitario. Son bien conocidas las críticas al utilitarismo realizadas en los países centrales desde posicionamiento éticos formales, procedimentales, contractualistas, comunitaritas. También desde América Latina se han levantado críticas al utilitarismo, como es el caso de las observaciones de Enrique Dussel desde la perspectiva de una ética de la liberación. Por nuestra parte nos preguntamos: ¿De qué manera la reflexión de Graciela Hierro contribuye a compatibilizar una ética del interés, consecuencialista, con una que busca postular como valores universales a priori, el cuidado, la solidaridad y el sentido comunitario? ¿Es posible conjugar el consecuencialismo con un criterio de universalización que fundamente a priori la obligación moral? ¿En qué consiste la torsión que Graciela Hierro introduce desde una perspectiva feminista en la línea argumental del utilitarismo? Componemos nuestro trabajo en tres momentos. Nos ocupamos, en primer lugar, del entramado teórico que fundamenta el desarrollo de una ética feminista del interés, tal como la propone Graciela Hierro Perezcastro; seguidamente consideramos las críticas más relevantes al utilitarismo como doctrina moral y política; por último, nos detenemos en la revisión del juego dialéctico que introduce Hierro a fin de articular una ética del interés con una del cuidado comunitario.

Graciela Hierro Perezcastro defended her doctoral thesis titled «Utilitarianism and the Feminine Condition» at Universidad Nacional Autónoma de México in 1982. A few years later, in 1985, her thesis was published as «Ethics and Feminism». In this work, she lays the foundation of a feminist ethics of interest that arises from an understanding of the oppressive conditions that women experience. The ultimate purpose of her research is to promote a «cultural revolution of everyday life» by universalizing feminine values such as softness, tenderness, and a sense of community. Critiques of utilitarianism have been raised by various ethical positions in central countries. These include formal, procedural, contractualist, and communitarian ethics. However, critiques of utilitarianism have also emerged from Latin America. For instance, Enrique Dussel has raised observations from the perspective of liberation ethics. In this paper, we explore how Graciela Hierro’s reflection contributes to reconciling a consequentialist ethics of interest with an ethics that upholds care, solidarity, and a sense of community as a priori universal values. Is it possible to combine consequentialism with a universalization criterion that a priori grounds moral obligation? What twist does Graciela Hierro accomplish in the line of argument of utilitarianism by introducing a feminist perspective? Our paper is structured into three parts. First, we discuss the theoretical framework that underlies the development of a feminist ethics of interest, as proposed by Graciela Hierro Perezcastro. Next, we examine the most significant criticisms of utilitarianism as a moral and political doctrine. Finally, we review the dialectical approach introduced by Hierro to bring together an ethics of interest with an ethics of community care.

Em 1982, Graciela Hierro Perezcastro defendeu sua tese de doutorado na Universidad Nacional Autónoma de México intitulada O utilitarismo e a condição feminina. Alguns anos depois, em 1985, foi publicado como Ética e feminismo. Aí estão lançadas as bases de uma ética feminista do interesse, fruto da consciência da condição de opressão em que as mulheres se encontram. O objetivo final da sua pesquisa é promover uma «revolução cultural da vida cotidiana» através da universalização de valores femininos como suavidade, ternura e senso de comunidade. São bem conhecidas as críticas ao utilitarismo feitas nos países centrais a partir de posições formais éticas, processuais, contratualistas e comunitárias. As críticas ao utilitarismo também foram levantadas na América Latina, como é o caso das observações feitas por Enrique Dussel na perspectiva de uma ética da libertação. De nossa parte, nos perguntamos: de que forma a reflexão de Graciela Hierro contribui para compatibilizar uma ética do interesse consequencialista com aquela que busca postular o cuidado, a solidariedade e o sentido de comunidade como valores universais a priori? É possível combinar o consequencialismo com um critério de universalização que fundamenta a obrigação moral a priori? Em que consiste a reviravolta que Graciela Hierro introduz desde uma perspectiva feminista na linha de argumentação utilitarista? Compomos nosso trabalho em três momentos. Tratamos, em primeiro lugar, do referencial teórico que sustenta o desenvolvimento de uma ética feminista do interesse, tal como proposta por Graciela Hierro Perezcastro; A seguir consideramos as críticas mais relevantes ao utilitarismo como doutrina moral e política; Por fim, nos detemos na revisão do jogo dialético que Hierro introduz para articular uma ética do interesse com uma ética do cuidado comunitário.