Direitos “que dançam”: Quando a Maré Verde passou pelas ruas

Abstract

Para analisar as recentes experiências de dança na cidade de Buenos Aires e entender alguns dos seus significados de gênero e sexualidade, devemos contextualizar os eventos sociais vividos na Argentina que apontaram para as mulheres e deram relevância política para as expressões de seus corpos. Entre 2015 e 2019 foram realizadas várias mobilizações históricas, não só pela capacidade de atrair pessoas em diversas localizações geográficas, mas porque alcançaram altos níveis de organização civil. A ação pública de 8 de março de 2018 foi preparada com meses de antecedência, o que gerou repertórios musicais específicos para a ocasião, uma abundante produção audiovisual, e ensaios de música e dança nas praças e centros culturais. Nessa época, a dança sexualizada performada por mulheres foi tomada pelos discursos feministas na Argentina como um recurso para reivindicar certa soberania sexual, gerando uma nova abordagem entre as reivindicações políticas de gênero e sexualidade, e a exibição erótica das mulheres no âmbito musical. Quais foram as condições sociais e culturais que causaram uma exortação à erotização da iniciativa social das mulheres? Vamos descrever alguns eventos que delinearam a estética de um corpo sexualizado como símbolo da resistência.