Historias clandestinas: Construcción de la audibilidad en relatos autobiográficos de trabajadoras sexuales de la Asociación de Mujeres Meretrices de Argentina (AMMAR)

Abstract

Este trabajo se propone analizar una serie de narrativas autobiográficas de integrantes de AMMAR, sindicato de trabajadoras sexuales argentinas, compiladas en dos volúmenes titulados Tacones cercanos (AMMAR, 2016, 2017) desde el análisis del discurso, (Arnoux, 2006, 2019), entendido como una práctica interpretativa que vincula datos contextuales con las elecciones lingüísticas de corpus, a través de hipótesis de lectura, apelando a saberes de otras disciplinas, según lo requieran los materiales. Trabajamos con la hipótesis de que los relatos en que las trabajadoras sexuales no demonizan a sus clientes ni se posicionan como víctimas se sitúan fuera de los límites de la narrativa victimista hegemónica en el discurso sobre la prostitución (Andrijasevic, 2007). En Argentina, esta narrativa está articulada en torno a la diada tratadesaparición (Varela, 2020) y a los discursos sobre la violencia de género, y ha sido vehiculizada para justificar políticas de Estado que criminalizan el comercio sexual. Sostenemos que la estrategia de las trabajadoras sexuales para garantizar la audibilidad de sus relatos autobiográficos es realizar una serie de corrimientos sobre la tópica feminista de la violencia, construyéndola como opresión estructural multicausal en vez de centrarse en victimarios individuales, y evitar algunos de los lugares comunes de la victimización, como la anulación de la agencia.

The aim of this paper is to analize a series of autobiographical narratives by members of the argentinian sex workers’ union AMMAR, compiled in two volumes titled Tacones cercanos (AMMAR, 2016, 2017) within the framework of Discourse Analysis (Arnoux, 2006, 2019), conceptualized as an interpretative practice that links contextual data to lingüistic choices within the corpus through hypotheses. This framework also draws from other subareas of lingüistic and social sciencies, whenever the materials require it. We work with the hypothesis that the narratives in which sex workers do not demonize their clients or position themselves as victims are located outside the limits of the hegemonic victimhood narrative in the discourse on prostitution (Andrijasevic, 2007). In Argentina, this narrative is articulated around the trafficking-disappearance dyad (Varela, 2020) and discourses on gender violence, and has been used to justify state policies that criminalize the sex trade. We argue that the strategy of sex workers to ensure the audibility of their autobiographical accounts is to make a series of shifts on the feminist cliché of violence, constructing it as multicausal structural oppression rather than focusing on individual victimizers, and avoiding some of the commonplaces of victimization, such as the annulment of agency.

Este artigo se propõe a analisar uma série de narrativas autobiográficas de membros da AMMAR, um sindicato de trabalhadoras sexuais argentinas, compiladas em dois volumes intitulados Tacones cercanos (AMMAR, 2016, 2017), a partir da perspectiva da Análise do Discurso (Arnoux, 2006, 2019), entendida como uma prática interpretativa que vincula dados contextuais com as escolhas linguísticas do corpus, por meio de hipóteses de leitura, apelando para o conhecimento de outras disciplinas, conforme exigido pelos materiais. Trabalhamos com a hipótese de que as narrativas em que as trabalhadoras sexuais não demonizam seus clientes nem se posicionam como vítimas estão situadas fora dos limites da narrativa hegemônica de vitimização no discurso sobre a prostituição (Andrijasevic, 2007). Na Argentina, essa narrativa é articulada em torno da díade tráfico-desaparecimento (Varela, 2020) e de discursos sobre violência de gênero, e tem sido usada para justificar políticas estatais que criminalizam o comércio sexual. Argumentamos que a estratégia das profissionais do sexo para garantir a audibilidade de suas narrativas autobiográficas é fazer uma série de mudanças na platitude feminista da violência, construindo-a como opressão estrutural multicausal em vez de se concentrar em perpetradores individuais, e evitar alguns dos lugares comuns da vitimização, como a anulação da agência.