Precarización y trayectorias laborales itinerantes de trabajadoras/es de plataformas de reparto en la Ciudad de Buenos Aires (2020-2022)

Abstract

Existe consenso en la literatura en identificar al trabajo en las plataformas como precario, en tanto no responde a los atributos del empleo “típico”. El objetivo de este trabajo, en cambio, es analizar la precarización de las/os trabajadoras/es de plataformas en términos de proceso inscriptos en sus trayectorias laborales y en distintas dimensiones, una “económicasociológica” y otra “cultural-epistemológica”. Metodológicamente, analizamos el caso de las trayectorias laborales de las/los trabajadoras/es de plataformas de reparto en la Ciudad de Buenos Aires, Argentina, a partir de una encuesta panel. Aplicamos una primera encuesta a 401 repartidoras/es en julio de 2020, y una segunda, que fue respondida por 201 personas, en agosto de 2022. La hipótesis de esta investigación es que, si bien el empleo en las plataformas puede considerarse un empleo precario (y, por tanto, también sus trabajadoras/os), en tanto es atípico (no registrado, sin derechos laborales), en un sentido más amplio y procesual, ese empleo constituye un momento en trayectorias laborales itinerantes. Considerando una dimensión “económica-sociológica” de la precariedad, esto es, vinculada con el mercado de trabajo, estas/os trabajadoras/es atraviesan procesos de precarización caracterizados por las inserciones endebles, transitan por distintas condiciones laborales (como asalariados registrados, no registrados, cuentapropistas), en distintos momentos y sectores de actividad. Además, estos procesos se articulan con una dimensión “cultural-epistemológica” de la precariedad, que se caracteriza por la infra o subvaloración del trabajo registrado como un ethos, marco u horizonte de sentido para las/os trabajadoras/es de plataformas.

There is consensus in the literature in identifying the platform work as precarious, taking into account that it has not the characteristics of “typical” employment. The objective of this work, however, is to analyse the precariousness of platform workers in terms of processes inscribed in their work trajectories and in different dimensions, one “economic-sociological” and the other “cultural-epistemological”. Methodologically, we analyse the case of the trajectories of work of delivery platform workers in the City of Buenos Aires, Argentina, through a panel survey. We applied a first survey to 401 distributors in July 2020, and a second, which was answered by 201 persons, in August 2022. The research hypothesis is that, although employment on platforms can be considered precarious employment (and, therefore, its workers), as it is atypical (not registered, without labour rights), in a broader and procedural sense, this employment is a moment in itinerant work trajectories. Considering an “economic-sociological” dimension of precariousness, that is, related with the labour market, these workers suffer processes of precariousness characterised by weak insertions, they go through different working conditions (as registered employees, non-registered, self-employed), at different times and sectors of activity. Furthermore, these processes are articulated with a “cultural-epistemological” dimension of precariousness, associated with subjectivities, which is characterised by the undervaluation of registered work as an ethos, framework or horizon of meaning for platform workers.

Há consenso na literatura em identificar o trabalho em plataformas como precário, por não responder aos atributos do emprego “típico”. O objetivo deste trabalho, no entanto, é analisar a precariedade dos trabalhadores de plataformas em termos de processos inscritos nas suas trajetórias de trabalho e em diferentes dimensões, uma “económica-sociológica” e outra “cultural-epistemológica”. Metodologicamente, analisamos o caso das trajetórias de trabalho dos trabalhadores de plataformas de entrega na cidade de Buenos Aires, Argentina, a partir de uma pesquisa de painel. Aplicamos uma primeira pesquisa com 401 entregadores em julho de 2020, e uma segunda, que foi respondida por 201 pessoas, em agosto de 2022. A hipótese desta pesquisa é que, embora o emprego em plataformas possa ser considerado emprego precário (e, portanto, seus trabalhadores também), por ser atípico (não registrado, sem direitos trabalhistas), de forma mais ampla e processual, esse emprego constitui um momento em trajetórias de trabalho itinerantes. Considerando uma dimensão “económicasociológica” da precariedade, ou seja, ligada ao mercado de trabalho, estes trabalhadores passam por processos de precariedade caracterizados por inserções frágeis, passam por diferentes condições de trabalho (como empregados inscritos, não inscritos, autônomos), em diferentes momentos e setores de atividade. Além disso, estes processos articulam-se com uma dimensão “cultural-epistemológica” de precariedade, que se caracteriza pela subvalorização do trabalho registado como ethos ou horizonte de significado para os trabalhadores das plataformas.