Asustar para desestabilizar: desinformación sobre la COVID-19 en Argentina y España

Abstract

La desinformación sobre la pandemia de COVID-19 ha alcanzado tal magnitud que ha sido descrita como infodemia. El objetivo de esta investigación es estudiar las intenciones de su propagación en redes sociales, su relación con las fuentes, los temas, los protagonistas y las apelaciones emocionales de los engaños. Para ello, se analizó el contenido de los 548 desmentidos publicados al respecto entre el 1 de enero de 2020 y el 30 de junio de 2021 por los medios verificadores Chequeado, en Argentina, y Newtral, en España. Los resultados muestran que la desinformación sobre la COVID-19 tiene características similares en ambos países, salvo en el caso de las fuentes, lo que se condice con el carácter transnacional de la infodemia. Los engaños buscan, sobre todo, desestabilizar; el negacionismo es el tema más frecuente; los protagonistas más usuales son las instituciones y los profesionales de salud, y prevalecen las apelaciones emocionales negativas, sobre todo la ira, utilizada con objetivos polarizantes, y el miedo, para desestabilizar y alimentar el caos. La apelación a emociones positivas queda reservada para los materiales con objetivo reputacional o informativo. Asimismo, se observa una correlación entre la intención inferida de la desinformación y el resto de las variables estudiadas. Los hallazgos permiten concluir que la infodemia tuvo el mismo carácter transnacional que la pandemia, lo cual insinuaría que la desinformación sobre un tema de agenda mundial utiliza parámetros compartidos para propagarse en distintos escenarios.

Disinformation about the COVID-19 pandemic has reached such a magnitude that the situation has been described as infodemic. The aim of this research is to analyze the intentions of such disinformation on social networks and its relationship with the sources, topics, main actors, and emotional appeals of the hoaxes. To this end, we conducted a content analysis on the 548 pandemic-related disinformation published between 1 January 2020 and 30 June 2021 by the fact-checking media platforms Chequeado, in Argentina, and Newtral, in Spain. The results show that disinformation about COVID-19 has similar characteristics in both countries, except in sources' case, which is consistent with the transnational nature of the infodemic. The hoaxes seek, above all, to destabilise; negationism is the most frequent issue; the most common protagonists are health institutions and professionals, and negative emotional appeals prevail, especially anger, used with polarizing objectives, and fear, whose incorporation pursues destabilising and chaos-fuelling purposes. The appeal to positive emotions is reserved, for fake content with reputational or informative objectives. Furthermore, a statistical correlation is observed between the inferred intention of disinformation and the rest of the variables. The findings of this study lead to the conclusion that the infodemic had the same transnational character as the pandemic, which would suggest that disinformation on a global agenda item uses shared parameters for its propagation in different scenarios.

A desinformação sobre a pandemia da COVID-19 atingiu tal magnitude que a situação foi descrita como infodemia. O objetivo desta investigação é estudar as intenções da sua difusão nas redes sociais, a sua relação com as fontes, os tópicos, os protagonistas e os apelos emocionais dos enganos. Foi realizada uma análise de conteúdo sobre as 548 desinformações publicadas entre 1 de janeiro de 2020 e 30 de junho de 2021 pelos meios de verificação Chequeado, na Argentina, e Newtral, na Espanha. Os resultados mostram que a desinformação sobre a COVID-19 tem características semelhantes em ambos os países, exceto no caso das fontes, o que é consistente com a natureza transnacional da infodemia. Os enganos procuram, acima de tudo, desestabilizar; o negacionismo é o tema mais frequente; os protagonistas mais comuns são as instituições e os profissionais de saúde; e prevalecem os apelos emocionais negativos, especialmente a raiva, usada para fins polarizadores, e o medo, para desestabilizar e alimentar o caos. O apelo às emoções positivas é com objetivos de reputação ou de informação. Da mesma forma, observase uma correlação entre a intenção inferida de desinformação e o resto das variáveis estudadas. Com base no anterior é possível concluir que a infodemia teve o mesmo carácter transnacional que a pandemia mesma, o que indicaria que a desinformação num tema da agenda mundial utiliza parâmetros partilhados para a sua propagação em diferentes cenários.