Restricciones ciudadanas: Las violencias de género en el espacio público

Abstract

Es la violencia una condición inherente a la cultura y la sociedad urbana? Las crecientes y complejas violencias, las cuales se evidencian en el dominio privado o en el público, se manifiestan como restricciones a las ciudadanías y no son iguales para varones y mujeres, ni se viven ni se perciben de igual manera. La violencia genera temores, no reconoce clase social y es percibida y experimentada como inhibitoria de la vida en las ciudades, cambia el cotidiano de las personas, se instala como un límite a la libertad y a los derechos. Ciudades en las cuales cada vez más el espacio público es percibido como atemorizante y la violencia es reconocida como el problema central, ante el cual se promueven respuestas punitivas y represivas. Hay una percepción de la inseguridad que se experimenta como una amenaza cierta y tiene un efecto inmediato de restricción en el uso, disfrute y apropiación de la ciudad, en especial por parte de las mujeres.

This article analyses the impact of increasing and complex violence against women, asking whether urban violence is inherent to urban society and culture. Violence against women happens in the private as well as in the public sphere, and is limiting their rights and citizenship, as well as working as a continuous and constant power expression on women�s bodies. This article is based on the premise that public violence is different when exerted against men or women, and additionally, that it is not being perceived as similar. The author tries to explain the relation between violence and the deep and complex life change in the cities in Latin America, the most urban region in the world, with metropolis and large cities, where the majority of the population lives in acute economical and social inequalities, where violence is increasing discrimination. The article focuses on the different impacts that violence causes on women´s lives, while it analyses how the gender dimension is nonexistent in security policies. It is therefore crucial to broaden the public security concept to ensure women´s rights enforcement, and to guarantee them the right to circulate and to enjoy live in the cities, as well as the right to live a life free of violence.

A partir de questionamentos sobre se a violência urbana é uma condição inerente à cultura e a sociedade urbana, o artigo buscar dar conta do impacto das crescentes e complexas violências no domínio público sobre a vida das mulheres. Estas violências contra as mulheres, que acontecem tanto no âmbito privado como no público, são restrições aos seus direitos e limitam as cidadanias, ao mesmo tempo que se expressam como um �continuum� sobre o corpo das mulheres, em um reiterado e renovado exercício de poder sobre seus corpos. É a partir da afirmação de que estas violências públicas não são iguais para homens e mulheres, nem se vivem nem se percebem da mesma maneira, que a autora busca dar conta da vinculação entre a profunda e complexa transformação da vida em cidades da América latina, a região do mundo mais urbana, de metrópole e de grandes cidades que concentram a maioria da população em condições de maior desigualdade econômica e social, nas quais as violências que se experimentam e as que se representam, aguçam as discriminações. O artigo põe o foco no impacto diferencial que as mesmas têm na vida das mulheres, dando conta da ausência da dimensão do gênero nas políticas de segurança; por isso, a necessidade de trabalhar sobre esta dimensão que amplia o conceito de segurança cidadã, na busca de consolidar o exercício dos direitos das mulheres a viver, circular e aproveitar a vida nas cidades, o direito de viver sem violências.