Um olhar para os presos comuns nas memórias dos presos políticos da Era Vargas

Abstract

Qual a diferença entre presos políticos e presos comuns? Desde seus começos até os nossos dias, a separação entre a prisão política e a prisão não política é uma arena de debates, que perpassam os capítulos da obra De presos políticos a presos comuns: estudos sobre experiências e narrativas de encarceramento. Os autores buscam analisar o papel das narrativas de presos e de agentes estatais na construção histórica da dicotomia entre presos comuns, presos políticos e outras categorias que estruturam a vida prisional e a narração do seu passado.O rótulo de "preso comum" - aplicado a uma enorme diversidade de sujeitos acusados de crimes e contravenções - pressupõe a existência de um tipo de prisioneiro "especial". No entanto, esse foco vem sendo questionado na disputa pela construção da memória da perseguição política. Em De presos políticos a presos comuns, o espaço prisional é compreendido como um lugar no qual convivem detentos que participam de lutas pela sobrevivência e disputam direitos.As diferentes pesquisas empíricas que integram este livro procuram compreender a maneira com que os próprios presos constroem significados sobre a experiência carcerária e lidam com categorias tais como criminalidade comum e criminalidade política. Organizada por Diego Galeano, Larissa Rosa Corrêa e Thula Pires, a obra problematiza a linha de demarcação entre a criminalidade comum e a criminalidade política. Fronteira em movimento, ela muda de acordo com os diferentes regimes jurídicos e políticos.