“El estado de miseria en que se hallaba entonces la oficialidad del Fuerte Paz…”: Narrativas discordantes en torno a las condiciones de vida en el Fuerte General Paz (Frontera Oeste de Buenos Aires, 1869-1877)

Abstract

En este trabajo abordamos las discordancias que surgen al comparar la literatura testimonial con otras fuentes de información, como registros oficiales y material arqueológico, en una parte temporal y espacialmente acotada del proceso de conformación del espacio fronterizo pampeano. Nos concentramos en el Fuerte General Paz, comandancia de la Frontera Oeste de Buenos Aires entre 1869 y 1876. Este fuerte fue escenario de varios relatos popularizados por el famoso escritor Eduardo Gutiérrez, que sirvió allí como oficial en 1875 y 1876. En particular, se pone en cuestión la extendida idea de carestía expresada en dichos escritos, que se ve desafiada por la variedad de materiales arqueológicos que indicaría que los integrantes de la guarnición habrían tenido acceso a una amplia gama de bienes y productos de consumo, en buena medida importados. La puesta en tensión de estas fuentes permite problematizar estereotipos e ideas ampliamente reproducidas en ámbitos populares e incluso académicos, así como aproximar a una caracterización más completa de lo que fuera la vida en un emplazamiento fronterizo de la segunda mitad del siglo XIX.

In this paper we discuss the discordance arising when testimonial literature is compared to other information sources, such as contemporary government reports and the archaeological record, in a temporally and spatially discrete part of the process of construction of the Pampaean frontier space. We focus on Fort General Paz, headquarters of Buenos Aires Western Frontier between 1869 and 1876. This fort was the setting of many popular tales written by renowned author Eduardo Gutiérrez, who served there as a junior officer in 1875 and 1876. We particularly question the extended idea of poverty and scarcity, expressed in those tales, and which is challenged by the variety of archaeological materials found in our investigations. These materials indicate that the garrison had access to a wide range of goods, many of them of foreign origin. Thus, the tensions between different information sources allow us to question widely reproduced stereotypes, as well as to contribute to a more complete characterization of life in a frontier facility of the second half of the XIXth century.

Neste artigo, abordamos as discordâncias que surgem ao colocar em tensão a literatura testemunhal com outras fontes de informação, como os registros oficiais da época e o material arqueológico, em um recorte temporal e espacialmente restrito do processo de conformação do espaço fronteiriço pampeano. Colocamos o foco no Forte General Paz, centro de comando da Fronteira Oeste de Buenos Aires entre 1869 e 1876. Esta instalação militar foi o cenário de vários relatos popularizados pelo famoso escritor sobre costumes Eduardo Gutiérrez, que cumpriu funções nesse lugar como oficial em 1875 e 1876. Em particular, é questionada a ideia estendida de penúria e carestia expressa nessas obras, que se vê desafiada pela variedade de materiais achados arqueologicamente, que indicariam que os integrantes da guarnição poderiam ter tido acesso a um amplo leque de bens e produtos de consumo, em boa medida importados. A tensão em que são colocadas estas fontes permite problematizar os estereótipos e ideias amplamente reproduzidas em âmbitos populares e, inclusive, em âmbitos acadêmicos, bem como aproximar uma caracterização mais completa sobre como teria sido a vida em um local fronteiriço da segunda metade do século XIX.