Entre inercias burocráticas y evaluaciones sobre las familias: Adolescentes privados de libertad en Buenos Aires, Argentina

Abstract

Este artículo procura aportar a las discusiones que intersectan asuntos relativos al gobierno poblacional con procesos de reproducción estatal de la desigualdad. Analizando cualitativamente expedientes judiciales sobre causas penales seguidas a adolescentes en Buenos Aires en 2016, enfoca en condiciones propias del sistema penal que refuerzan el uso de la privación de libertad sobre las poblaciones más vulnerables. El análisis socio antropológico de las prácticas estatales que aquí se propone aborda conjuntamente la dimensión material e interpretativa de las prácticas institucionales, así como las formas en que se tramita el género y la edad; además, reflexiona sobre el expediente como objeto constructor de realidades. El artículo argumenta que lo que configura las causas en las que se imponen medidas gravosas como la privación de libertad -aún en un sistema penal especializado y acorde a derechos humanos-, es una trama compleja entre las valoraciones morales de agentes judiciales sobre las trayectorias de los adolescentes y sus familias, previas y durante el tránsito por el sistema, cómo las familias logran negociar esas interpretaciones, y las inercias burocráticas que sofocan la garantía de derechos.

This article seeks to contribute to the discussions that intersect population government debates with processes of state reproduction of inequality. Analyzing judicial files of criminal cases followed towards adolescents in Buenos Aires in 2016, the paper focuses on the juvenile justice system’s own conditions that reinforce the use of deprivation of liberty over the most vulnerable populations. The proposed analysis of the state practices includes both the interpretative and the material dimension of institutional practices, as well as the ways in which gender and age are processed; in addition, the paper reflects on the judicial file as an object that constructs realities. The article argues that what constitutes the causes in which the toughest measures such as the deprivation of liberty are imposed —even in a specialized penal system and in accordance with human rights—, is a complex interweaving between the moral evaluations of judicial agents on the trajectories of adolescents and their families, prior to and during transit through the system, how families negotiate these institutional interpretations, and the bureaucratic inertias that suffocate the guarantee of rights.

Este artigo procura aportar às discussões que intersectam assuntos relativos ao governo populacional com processos de reprodução estatal da desigualdade. Analisando qualitativamente expedientes judiciais sobre causas penais seguidas a adolescentes em Buenos Aires em 2016, foca em condições próprias do sistema penal que reforçam o uso da privação da liberdade sobre as populações mais vulneráveis. A análise socioantropológica das práticas estatais que aqui se propõe aborda conjuntamente a dimensão material e interpretativa das práticas institucionais, assim como as formas em que se tramita o gênero e a idade; para além disso, reflete sobre o expediente como objeto construtor de realidades. O artigo argumenta que o que configura as causas nas que se impõem medidas gravosas como a privação de liberdade -ainda em um sistema penal especializado e acorde a direitos humanos-, é uma trama complexa entre as valorações morais de agentes judiciais sobre as trajetórias dos adolescentes e suas famílias, prévias e durante o transito pelo sistema. Como as famílias conseguem negociar essas interpretações, e as inercias burocráticas que sufocam a garantia de direitos.