Memórias, experiências e saberes em contextos de retomada territorial mapuche em El Hoyo, Chubut (Patagônia, Argentina)

Abstract

Este artigo trata da inter-relação entre práticas de memória, saberes e conformação de subjetividades políticas mapuche no âmbito do processo de recuperação territorial implantado em El Hoyo, província de Chubut, Patagônia, Argentina. Examina, por meio de uma abordagem etnográfica e de trabalho de arquivo, memórias, conhecimentos e experiências mapuches que se colocaram em cena neste processo, continuidades e rupturas, bem como o papel das mulheres indígenas em contextos de luta pelo território e na transmissão de saberes mapuche. O objetivo é demonstrar como esses saberes e memórias se tornaram objetos de reflexão e agenciamento político em múltiplos sentidos. De um lado, desafiaram histórias e silêncios cristalizados e deslocaram categorias e subjetividades assumidas e imputadas. Por outro, configuraram-se como diretrizes a partir das quais foram sendo organizados, definidos, e tornados inteligíveis e legitimados o espaço territorial de resistência e as formas de luta. Finalmente, colocaram em discussão certos modelos hegemônicos associados à “feminilidade” e à “masculinidade”.

This article deals about the interrelation between practices of memory, knowledge and Mapuche’s political subjectivities within process of territorial recuperation in El Hoyo, Chubut province, Patagonia Argentina. Examine, through an ethnographic approach and work on file, Mapuche’s memories, knowledges and experiences that were staged in this process, its continuities and discontinuities, as well as the role of indigenous women in contexts of territorial’s struggles and in the transmission of Mapuche’s knowledge. The purpose is to demonstrate how these knowledges and memories became objects of reflection and political agency in multiple senses. On the one hand, as they challenged histories and crystallized silences and displaced assumed and imputed categories and subjectivities. On the other, because they were configured as guidelines from which they were organized, defining, making intelligible and legitimating the territorial space of resistance and forms of struggle. Finally, because they put into discussion hegemonic models associated with “femininity” and “masculinity”.