El control estatal a la docencia en los primeros gobiernos peronistas

Abstract

A mediados del siglo veinte en la Argentina el peronismo recurrió a la educación como medio de propaganda política. Esto requirió un fuerte control estatal sobre la docencia. En base a documentos oficiales recientemente desclasificados analizamos los mecanismos desplegados por el Estado peronista para obtener información sobre los docentes, detectar y despedir a aquellos que no comulgaban con la ideología oficial. Complementariamente, a partir de documentos sindicales examinamos la respuesta de uno de los principales gremios docentes del período. La información relevada nos permite cuestionar estudios anteriores que afirmaban que las cesantías docentes habían seguido los canales institucionales correspondientes, que las denuncias eran formuladas en forma espontánea por sectores populares carentes de otros canales para hacer oír su voz. Por el contrario, en el control a los docentes son actores fundamentales tanto la Policía como Servicios especiales de información y gran parte de las cesantías docentes son ejecutadas por fuera de los procedimientos institucionales del sistema educativo, en ausencia de los sumarios previstos por el mismo. El estudio de estos casos permite reflexionar sobre los alcances de la política represiva de los primeros gobiernos peronistas y sobre la articulación de los mecanismos consensuales y coercitivos en la construcción de hegemonía.

In the mid-twentieth century in Argentina, Peronism resorted to education as a means of political propaganda. This required a strong state control over teaching. Based on recently declassified official documents, this article analyzes the mechanisms deployed by the Peronist State to obtain information about teachers, and to detect and dismiss those who did not agree with the official ideology. In addition, the response of one of the main teachers' unions of the period is examined based on union documents. The information gathered allows us to question previous studies that affirmed that teacher dismissals had followed the corresponding institutional channels, that complaints were spontaneously made by the working class lacking other channels to make their voices heard. On the contrary, both the Police and the special information services were key factors in the control of teachers, and most teachers were fired disregarding the institutional procedures of the educational system. The study of these cases allows us to ponder on the scope of the repressive policy of the first Peronist governments and on the articulation of consensual and coercive mechanisms in the construction of hegemony.

Em meados do século XX, na Argentina, o peronismo recorreu à educação como meio de propaganda política. Isso exigia um forte controle do Estado sobre o ensino. Com base em documentos oficiais recentemente divulgados, são analisados os mecanismos implantados pelo Estado peronista para obter informações sobre os docentes, detectar e demitir aqueles que não concordavam com a ideologia oficial. Além disso, com base em documentos sindicais, analisa-se a resposta de um dos principais grêmios docentes do período. A informação obtida permite questionar estudos anteriores que afirmaram que a demissão de professores obedeceu aos canais institucionais correspondentes, que as denúncias eram formuladas de forma espontânea por setores populares que careciam de outros canais para fazer ouvir a sua voz. Pelo contrário, no controle dos docentes, tanto a Polícia como os serviços de informação especial são atores fundamentais, sendo que grande parte das demissões de docentes foram efetuadas fora dos procedimentos institucionais do sistema educativo, inclusive com a ausência dos sumários que ele previa para isso. O estudo de tais casos permite refletir sobre o alcance da política repressiva dos primeiros governos peronistas e sobre a articulação de mecanismos consensuais e coercitivos na construção da hegemonia.