Impacto cerebral de Diabetes Mellitus e distúrbios metabólicos associados: O hipocampo como órgão-alvo

Abstract

O reconhecimento dos efeitos dos distúrbios do metabolismo da glicose no cérebro é relativamente recente. No entanto, os pacientes com diabetes tipo 1 e tipo 2 apresentam risco significativo de doenças neurodegenerativas, como doença de Alzheimer, alta incidência de depressão e diferentes graus de comprometimento cognitivo.Este capítulo descreve as alterações no hipocampo de camundongos com alterações compatíveis com diabetes tipo 1 ou expostos a dieta hiperlipídica como fator de risco para o desenvolvimento de obesidade e diabetes tipo 2, que se assemelham às alterações encontradas durante o envelhecimento. Em ambos os modelos de alterações metabólicas, a capacidade neurogênica do giro denteado está muito reduzida, o que envolve uma quantidade menor de novos neurônios granulares. A árvore dendrítica dos neurônios piramidais adultos apresenta baixo desenvolvimento, bem como diminuição na densidade das espinhas dendríticas em animais diabéticos em comparação aos controles, e níveis mais baixos de expressão da neurotrofina BDNF. No mesmo sentido, espinhas dendríticas imaturas predominam no hipocampo de animais expostos a uma dieta hiperlipídica (HFD), sugerindo diminuição da conectividade sináptica. Associado a essas alterações hipocampais, tanto os animais diabéticos quanto os HFD apresentam déficit de aprendizagem e memória quando avaliados por meio de testes comportamentais específicos. Esses achados, juntamente com outros publicados na literatura, demonstram claramente o impacto relevante das doenças metabólicas em vários parâmetros do hipocampo e evidenciam algumas das vias de dano comuns entre as patologias associadas aos distúrbios da sinalização da insulina e ao envelhecimento.