Passado, presente e futuro inmediato da economía argentina

Abstract

Para compreender o desempenho atual da economia argentina e avaliar os resultados da política econômica do governo presidido por Mauricio Macri é necessário levar em conta as principais tendências dos “fundamentos” macroeconômicos. Essas tendências persistem para além das mudanças de governo e de suas políticas econômicas e ideológicas e constituem, há décadas, um obstáculo para o crescimento sustentado. Isso obedece à inluência de dois fatores. Um externo: a recorrente escassez de divisas que está na base do reaparecimento cíclico dos déicits da balança de pagamentos. O outro é interno: a conlitividade social que está na base da geração cíclica de déicits iscais, os quais, além disso, tendem a perpetuar-se devido à rigidez do gasto público corrente. Duas mudanças ocorridas na primeira década do século XXI, de efeitos prolongados, mas não percebidos, reavivaram essas tendências: i) o choque inanceiro externo, desencadeado em 2008, cujos efeitos sobre o comércio internacional e a globalização se revelaram de natureza duradoura, embora tenham sido percebidos na Argentina como transitórios; ii) o persistente aumento do gasto público veriicado desde 2003, que constituiu uma verdadeira mudança estrutural e não meramente cíclica no funcionamento do setor público. Assim, desde o segundo mandato presidencial de Cristina Fernández de Kirchner (CFK), os superávits gêmeos resultantes do superciclo das commodities transformaram-se em déicits gêmeos quando o ciclo entrou em sua fase baixista, mantendo-se inalterada a evolução das principais variáveis macro ao longo do segundo mandato de CFK e da primeira etapa do governo de Mauricio Macri.